Olhos dementes, mãos sem destino, pés sem chão. Pus-te meu melhor vestido, o melhor perfume pra você usei, contudo, depois de 2 horas a esperar, essa beleza já se foi. Agora os olhos banhados de lágrimas, semblante manchado, misturas de sentimentos, milhares de pensamentos, como devaneios, vêm a mim como facas acertando meu peito. A dor toma conta daquele que já não agüenta mais chorar por você, meu coração.
3 horas se passaram, ainda jogada na sala, paralisada, desnorteada, ouço o barulho na porta, mas nenhum pouco curiosa pra saber do que se trata.Depois de alguns segundos levo, vagarosamente, meus olhos para a porta e lá está você ofegante, pronto pra me dar uma desculpa qualquer.Vendo meu estado se achega até mim:
- Meu amor o que há?
Nesse momento algo cresce dentro de mim, meus olhos em chamas, quero falar, mas não consigo soltar pra fora essa raiva.
Sinto a agonia em sua voz ao repetir:
- Meu amor o que há?
Daí consigo sussurrar dura e friamente, como se aquela não fosse eu, a mulher apaixonada, agora eu só era uma mulher:
- Por que você não me mata de uma vez ao invés de me matar aos poucos como está fazendo?
Você tenta falar, mas te interrompo colocando minha mão em seus lábios. O silêncio toma a sala e à nós dois.Olhar fixo um no outro, aproximando-nos, juntando seus lábios aos meus.Sinto nosso beijo banhado pelas lágrimas, não só minhas, mas suas também.
Parando pra te olhar penso: Por que não consigo resistir a você?
Antes mesmo que eu conseguisse pensar na resposta você me toma pra si novamente, ferozmente, sedentamente, diz me querer e que sem mim não pode viver. Mais uma vez me deixei levar por esse inexplicável amor, que agora me faz mal, mas daqui a pouco me faz bem.
Deixe estar como está, afinal, o amor não se explica, nem tão pouco se mede.
Meu amor é água, é fogo, é ódio, é paixão.
Esperar chegar a hora de te encontrar é como contar as gotas do mar, o tempo insiste em não passar, desapegado à pressa, e parece ainda que faz isso só pra provocar.
